Sombras do Tempo

Na vastidão do quarto sombrio e frio,

Um jovem escritor, o olhar vazio,

Em torno dele, móveis antigos e raros,

Memórias de tempos idos, cenas raras.

A pena em mãos, a alma em desalento,

Pousa o olhar cansado em um tormento,

Sua mesa, um emaranhado de papéis,

Versos atuais mesclados com ancestrais.

No canto, um relógio antigo, impassível,

Marca o tempo que parece invisível,

Os ponteiros se arrastam, lentamente,

Como o peito do poeta, tristemente.

Pergaminhos e livros empoeirados,

Palavras, sonhos e amores passados,

Tudo ali, testemunha silenciosa,

Da angústia que o escritor guarda em prosa.

Uma janela aberta, entardecida,

O mundo lá fora, quase esquecida,

Cortinas que se movem com o vento,

Refletindo o tormento do momento.

Na estante, retratos de ancestrais,

Sorriem com olhares joviais,

Mas o poeta, em sua dor escondida,

Sente-se só, perdido na vida.

No chão, um tapete desgastado,

Caminhos que ele tem trilhado,

Apegado ao passado, sem saída,

Sente-se preso em sua própria vida.

A pena cai, sem forças pra escrever,

Palavras já não podem socorrer,

E o mundo lá fora segue a fluir,

Enquanto ele se sente a sucumbir.

A melancolia tece os seus fios,

E o poeta, perdido em desafios,

Afunda-se em um mar de solidão,

Buscando uma luz na escuridão.

Que os versos deste escritor revelem,

As dores que a alma humana traz consigo,

E que os tempos antigos e atuais,

Encontrem nele um eco, um abrigo.

Que possa o jovem poeta encontrar,

Um alento, uma esperança no olhar,

E em meio a angústia e desencanto,

Reencontre a vontade de recomeçar.