DA BUSCA

Eu busquei uma única letra

que me trouxesse alegria

neste fim de dia primaveril.

Nesta busca incessante,

juntando letras e sentidos,

vi uma rosa que se abriu.

E, neste instante mágico,

uma gota de orvalho

caiu sobre meus olhos

embotados de jardins.

Nos confins da estrada,

construída com letras,

enfim,

encontrei um botão em flor.

Tão belo e tão efêmero

na sua mutante beleza.

Efêmera como a alegria

que na palavra busquei.

Que continuo buscando.

Viajando por caminhos

desconhecidos que plantei

em cada palavra sentida,

na lavra das letras sortidas

com as quais construo

minhas incertas sendas.

Em algumas esquinas,

deixo umas oferendas:

versos sofridos, chorados,

cantados ou soluçados.

Às vezes rimados,

Sempre sentidos.

Eu busquei uma única letra

que me trouxesse alegria

neste fim de dia primaveril.

Não achei.

Resta-me escrever estes versos,

eternizar o efêmero,

parar o tempo

e o doce salgado da lágrima.

2007.