Cão desprezado
Vem que te acolho, cachorro fedido,
Desprezado pelos outros,
Xingado e batido.
Sei como te sentes,
Nessas noites inteiras,
Nessas noites angustiantes
Que te fazem latir incessantemente.
Sei bem como te sentes!
Como os outros te expulsam
Como os outros vivem a te cobrir de açoites,
Como sofres desgraçadamente
Pelo motivo tremendo
De apenas seres ti mesmo.
Tu, cão desprezado,
Cuja única companhia são mosquitos
Que te rondam as feridas incuráveis!
Ninguém mais quer estar contigo;
Foges sempre apedrejado!
Eu te compreendo como ninguém mais
Quando abaixas as orelhas
E sai assim grunhindo
Lamentando o fato
De seres quem és...