Agno
O que dirias Charlotte,
se dissesse que vamos morrer?
Numa vala no meio do nada,
como um agno criado para fenecer?
Será que possuo esperança?
Ou só finjo que sou capaz?
Mentindo para mim mesmo,
sobre algo que me satisfaz?
Meu desejo agora é,
correr até a cerca e perecer.
Estralar como um vampiro,
que viu o alvorecer!
Irritado e magoado,
um poema sem nexo narro.
Sem se importar com a métrica,
na ideia da morte me agarro.
A que vale a consonância?
Quem vai ler afinal?
Se vamos todos partir,
não é preciso rimar o final.