Inércia Vertiginosa

Acho que estou tonta

Alguém pode me dizer onde estou?

Diante de mim, a realidade se desmonta

Por isso nunca sei para onde vou

Vivo desnorteada

E com a alma dilacerada

De tanto capotar nas curvas da vida,

A cada dia, abro uma nova ferida

Envolva-me com seus braços, meu amor

Sou apenas uma criança, proteja-me, por favor

De nada me vale o esforço nem a excelência

Pois sou uma eterna miserável na essência

Apenas aguento estar viva,

Pois deixo-me embriagar pela loucura

Faço, da ignorância, a minha cura

E das trevas, minha fortaleza altiva

Não preciso que incida, sobre mim, a luz

Para que todos me vejam carregar a minha cruz

Melhor vestir minha máscara de boa atriz

E continuar esquecendo de que sou infeliz

Quem vive como se já tivesse vivido,

Embora não seja verdade, parece eterno

Preso em um filme mudo e repetido,

Admirando o perpétuo anoitecer do inferno

Não enxugue minhas lágrimas com um lenço

Em vez disso, use uma bela taça

Sinta-se à vontade, formalidades, dispenso

Saboreie o amargo vinho da minha desgraça

A arte cria flores com pétalas de jade

Pois nada é impossível para a criatividade

Mas as flores sangram, essa é a verdade

Arraigadas ao solo da crueldade

Tão eterno quanto o alfa e o ômega,

É minha tristeza que atravessa os anos

Minha ira e meus devaneios profanos

A que minha mente tanto se apega

O medo mantém meus olhos abertos

E meu coração batendo contra a vontade

Esgotando o que resta da minha sanidade

Para ser aplaudida apenas pelos insetos

As formas se confundem,

Diante da minha retina nervosa

Meus sentimentos apenas me iludem

Na sina da minha inércia vertiginosa