Meu cantar triste

O meu cantar é triste feito uma elegia

O meu viver é penoso feito taça cheia de fel.

Sofro calado a dor da privação de um amor.

Ó, orbe de danação! Terra de misérias.

Lamento a má sorte deste corpo nauseabundo.

Meu querer se mostra agora tão claudicante

que, sem encanto, nenhum voo ousa ensaiar

Finda a esperança, meu sonhar jaz extinto.

Mergulho em dias torturantes e noites insones,

e se o sono chega, logo me vêm os pesadelos

O dia não mais aquece, ó, alma glacial!

E a noite me inspira pavor, como máscara mortuária.

Pobres mortais com a sua vaidade intelectual

Continuem sorrindo ante as mazelas cotidianas

Seu deus contemporiza com a hipocrisia.

Meu cantar é desalento, roubaram-lhe a vida.

O meu canto triste de baixo é elegia ao mundo.

***************************************************

CANTO TRISTE (Reedição)

O canto matinal dos sinos me acorda.

Não quero levantar e a luz me agarra.

Mostrando da vida a dor que não passa.

Pequei sem pensar e a alma recorda,

com culpa no peito, matando o prazer.

Se eu for à missa, o que Deus vai dizer?

Agarro-me ao canto da minha poesia,

pra mesmo triste, cantar o dia a dia.

(Jacó Filho)

Receba meu sincero agradecimento, mestre poeta. Deus o abençoe!