Transmutação

I

Espraiado num vórtex, rosto lacônico.

O fogo do ódio nos carvões esfria,

Deixando fria tristeza no lugar.

Flutuando, desconectado.

II

Pálidas, nuvens fazem companhia

À coruja, que contempla, sozinha,

Certos matizes de sons da floresta.

Em meio a várias, ela contempla, estuda.

Outras corujas voam pela floresta.

III

A estática do rádio confabula;

As secas folhas caem, tecem diálogo,

O céu nublado cantarola um pouco,

Toda a raiva tenta se transmutar.

Torna-se uma passageira tristeza.

IV

No céu, estrelas escrevem poesia;

No imenso flutuar, transmutação.

Os pedaços quebrados se dissolvem;

O ódio desaparece, desintegra-se.

A tristeza esvai-se aos poucos.

FilipeTávora
Enviado por FilipeTávora em 11/06/2023
Código do texto: T7811264
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