Cartas
Talvez as melhores lembranças que possuo seja nas que eu estive envolto por seu abraço. Cada instante vivo em minha memória, se assemelha a uma fagulha: ameça apagar porém nunca se esvai. Brilha, cintila, reluz em mim a chama da euforia que outrora senti quando estava junto de ti.
Hoje o que me move são lembranças, são poemas, são canções. Letras que surgem e rapidamente se vão, esperança, fé, paz que não se explica, angústia indesejada, progresso e regresso; contradições estas que embalam minha lida, permeando a estrada de incertezas. A despeito do que encarei ou pensei ser capaz suportar, a maior dor que possuo (dentre tantas) é decerto a de não mais lhe avistar nos gramados em que eu te via correr para me abraçar.
De tantas frases que pudera eu ter mencionado a você, de tantas homenagens possíveis, a mais importante e singular não foi prestada a você. Aquela que diz algo que, por imprudência de minha parte, não pratiquei em meus dias. Paira sobre mim a consciência que envelhecer é acumular diferentes culpas, e eu talvez carregue a maior delas. Tenho culpa acumulada dentro de mim.
Escrevo-te essas CARTAS. Essas CARTAS escrevi, estes sentimentos materializei. E agora lhe envio o último deles; já possuo a certeza que nunca lerá, mas meu coração pesa ao lembrar que nunca externalizei tamanha emoção, preciso expulsá-la de qualquer que seja a forma.
Tenho na memória a sua voz dizendo sempre que me ama, e o arrependimento bate às portas desde o dia em que a calmaria se ausentou de minh´alma. Arrependimento esse de não te dizer: SIM, eu amo você.