Dócil Solidão

Sinos embalam a dor

Numa triste melodia

De uma vida sem amor

Em sua plena melancolia

Névoas espessas tomam forma

De um lúgubre e sombrio vulto

Um carrasco que o sonho deforma

Convertendo em um amargo sepulto

Funesto cárcere da alma

Que perpetua o sofrimento

Fazendo perder a calma

Ampliando seu tormento

Lágrimas caem como chuva

Indiciando tal suplício

Profundos cortes sob uma luva

Moléstias de um profano cilício

Cálices de um agridoce vinho

Inebriam corações

Anjos caídos pelo caminho

Chorando suas lamentações

Pode haver no céu tal tristeza

Ou no paraíso tão grande pesar

Onde está a divina beleza

Acaso Deus quis ocultar

Nesta angústia latente

Esses pobres anjos traídos

Vão chorar eternamente

No lacrimátorio dos caídos...