Labirinto
Paredes de concreto me cercam, tão altas que tudo o que vejo além delas é o céu.
O chão é todo coberto por uma grama fofa.
É bonito ver o contraste da parede cor de cimento com o verde vivo da grama.
Em algumas partes trepadeiras sobem pelas paredes, dando um ar de contos de fadas.
Também há flores e algumas árvores espalhadas, mas elas não são tão grandes quanto as paredes.
A cada nova curva a paisagem se repete e não chega a ser um lugar ruim para se estar.
Contudo, é um labirinto e me sinto presa.
Estou presa.
Tomei tantos rumos diferentes e encontrei apenas mais paredes, nenhuma saída.
Apesar de ser um lugar bonito, é cansativo caminhar, caminhar e não chegar a lugar algum.
Não consigo mais voltar por onde já passei, apenas seguir em frente e me questiono se já não passei da saída.
O cansaço vai se alastrando por meu corpo e minha mente.
Talvez seja só isso, afinal, um eterno caminhar.
Mas é cansativo e se torna pior quando existe uma sombra cruel me perseguindo.
Sussurrando dúvidas.
Apontando os caminhos que deixei para trás, que talvez fossem melhores do que aqueles que eu escolhi.
O sorriso frio, o tom de deboche dizendo que jamais encontrarei a saída.
Que não sou boa o suficiente para sair e que é tudo culpa minha, sempre.
Talvez eu nunca vá encontrar a saída mesmo e tudo bem, mas eu gostaria que a sombra ficasse quieta.
Eu gostaria que ela desaparecesse.