A busca

O tempo passou mais rápido do que imaginava

E agora vejo-me no meio de tantas tralhas

Buscando num agulheiro por uma palha;

Uma breve imagem que queima em minha mente.

Estática, sem cor, sem profundidade

Perdida no meio de algum ano de minha idade

Tangenciando as diferentes eras que eu vivi.

Uma pequena ideia, com suaves contornos

Que clama baixo pelo direito de falar

Uma flâmula, insignificante, trêmula

Que reage para cada instância do meu soprar

Seja cansaço, fumaça ou descaso,

Seja choramingo, seja afago

Seja atrito, seja pensado

Seja apenas algo, fixado,

Que eu consiga tocar.

Uma válvula de escape

Que eu consiga adentrar

E me perder em territórios conhecidos

Rever antigos inimigos

Que residem dentro de mim;

Rever amigos perdidos

Que se reencontram enfim;

Uma solução pacífica para uma guerra inexistente

Congratulações sem motivo aparente

Uma fábrica de lembranças perfeitas.

E uma dessa se aproxima

Calça minhas pernas, veste os meus braços

Se encaixa no meu peito e ajeita nossos olhos

E continua a se procurar

Nesta miríade de agulhas, palheiros

Tranqueiras e cinzeiros

Num mar de folhas, de vazios

De subidas e caídos

E ponteiros a rodar.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 23/05/2023
Código do texto: T7795713
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.