VIAJEM
Sono leve
Roubado pelo estalo
Que rompe o silêncio
Calma que agora corre
Fugindo da alma
Largando o medo
Corpo inerte
Num súbito impulso
Vertical ao piso
Na ponta dos dedos
A luz se nega
A desafiar a escuridão
Passos surdos
Leves como algodão
Temem o chão
A sombra da noite
Faz-se menos morena
À pupila gigante
Ouvidos aguçados
Agora rastreiam
A quebra do silêncio
Susto que alerta
A paz interna
Temor de dor
Vulto oculto
Assusta a vida
Que teme a ferida
Estampido de morte
Abala os ouvidos
Leva os sentidos
A vida escorre
Do desesperado
Por entre as mãos
Adormece ao chão
Foge do corpo
A alma do morto