Cantos Soturnos
Ó dor, trago-vos meu pranto aflito,
Desvelando ao vento minha triste sina,
Percorro caminhos de mágoa infinita,
Emaranhado na rede da desdita divina.
Em meu peito, suspiros de tempos perdidos,
Um lamento sepultado no torpor do passado,
A alma, qual pássaro ferido e abatido,
No fogo da tristeza, jaz desolada, assolada.
Oh, angústia! Veredas d'além invocadas,
Meu espírito dança em sombras melancólicas,
Envolto em névoas que encobrem alvoradas,
A esperança sussurrando cantos melancólicos.
Sufoco-me entre palavras arcaicas,
Que ecoam no vazio de meu ser dilacerado,
Sentimentos ancestrais, soturnos e apocalípticos,
Emaranhados em versos, dor sem pecado.
Que labirinto sombrio, que cipoal de aflição,
Em cada suspiro, o peso do meu martírio,
A vida, ó amiga, revela-se ilusão,
Uma peça teatral, cruel, sem critério.
Ó solidão, companheira fiel,
A tristeza é meu manto, a desesperança, minha sina,
Mas no coração, ainda resta um grão de céu,
E na poesia, busco alento à minha alma ferida.
Desabafos em versos, confissões sofridas,
A esperança renasce em cada estrofe escrita,
Nas palavras ancestrais, minh'alma adormecida,
Encontra alívio, por instantes, na dor bendita.
Assim, em letras arcaicas, exponho o meu pranto,
A tristeza que consome e me faz peregrino,
Mas na poesia, encontro um último encanto,
Um refúgio, um alento, um abrigo divino.