Dias amargos
Amargo foi o dia em que nasci
Poucos sabem que logo me aborreci
E tenho certeza da vontade de ter ficado por causa do colibri.
Cambaleante, como um soldado perigosamente ferido em guerra, sinto-me apedrejado
Amarrado e, sinceramente desconfiado, levanto o meu corpo já cansado.
Distante vejo o mundo arrebentado, destruído e alienado.
Tenho e sinto culpa por ter esse rosto assertivo
Mas há tempos que não vivo
Há tempos que persisto, persigo e tenho ciência que me privo...
Horas, dias e meses passam, e o tempo é o melhor amigo
A temporalidade, contudo, é o pior inimigo
Ambos passam, tal como a minha porca vida se esvai
Não encontro uma pessoa que, viva em minha lágrima, cai
Talvez a vida seja isso, um longo e perigoso teatro
Não suporto os potentes, os onipotentes e os que na verdade andam de quatro
Distante do desejo de ser protagonista desse mundo de homens e mulheres de aço
Prefiro a impotência, a simplicidade e má sorte de ser um eterno palhaço.