Não há mais nada.

Depois de tanto tempo

Correndo de tantos fantasmas

Que insistiam em bater a minha porta

Vejo-me numa situação estranha

Onde não mais me importa o que me segue

Já que quando olho para trás

Não vejo qualquer figura.

Sinto-me leve, como quem desveste

Inúmeras camadas de acontecimentos

Incontáveis chantagens caindo em esquecimento.

A dissolução de um enfrentamento inútil

Entre uma mente perversa

E uma perversão fútil

De uma imagem qualquer

Que difere da minha

Apenas pelas normalidades da vida.

Uma pessoa franzina

Com pouco a oferecer

Senão olhos torpes;

Uma estatura que permite

Uma cultura de evasão;

Que cultiva muito pouco

Pois já vem envenenada no próprio chão;

Que aterra a insanidade

Em carne pura; compaixão.

Que sozinha é muito pouco, quase nada

E mesmo inflacionada

Ainda passa longe de imensidão.

Uma caricatura enquanto sola

E apenas uma criatura qualquer

De uma qualquer estória

De uma qualquer memória

Que um dia minha mente permitiu se apegar.

Mas não mais,

Não há mais nada.

Desta vez sorrio contente

Quando vejo minha caminhada

Isenta de tanta gente.