O Lugar e o Abraço

Jamais houve escuridão

maior sobre a Terra.

Homens correm para portos

que nem astros ou grito de clarão algum

se faz enxergar.

A pedra concreta

já não existe.

O lugar e o abraço não existem mais.

O mundo está repleto de

pernas e salivas e música alta.

Muita luz morta, ríspida

e poucos homens que

derrramem o próprio sangue

pelo bem coletivo.

As cavernas estão superlotadas!

O chão onde estou

é o que me resta:

o quintal vizinho tem mina e

nem um passo adiante é seguro,

que me dirá romper fronteiras e oceanos!

Nasça, homem,

e a porção de terra onde caíres

é o que tens!

Terra opaca, de luz chôca.

Sociólogos morreram

pensando que as águas

da industrialização

se desdobrariam sobre um

futuro mar do bem comum

e que o deus da equidade

desceria do impossível!

Nascer é morrer.