A paz do sono eterno
Acorda, ó alma, para toda a dor e a paixão,
Pois a vida é um jogo de prazeres e sofrimentos,
E o meu coração anseia pelo fogo da emoção
E pela calma nirvânica da paz dos pensamentos.
Ó vida vil, onde a paz nunca encontra um leito,
Onde a beleza e a tristeza andam de mãos dadas,
E onde a paixão é um fogo que consome meu peito,
E o amor é um tormento que vem e nunca acaba.
Este mundo é um palco de dor e podridão,
Onde a alma se inunda e tanto se desespera!
E eu, um poeta incompreendido pela razão,
Desvendo as inverdades deste mundo de feras.
Sou como o vento que sopra sem cessar,
Um espírito livre em busca do infinito,
E na beleza do mundo a me embriagar,
Acho um torpor que me faz dormir e delirar.
Afinal, também sou um ser atormentado
Por amores perdidos e malditas desilusões,
E em minhas dores caminho desesperado,
Procurando respostas em minhas reflexões.
O coração em chamas, a alma em tormenta,
Assim sinto-me diante desta vida tão ingrata!
Cada dia estou mais perto da morte violenta,
Que em cada esquina espreita e me maltrata.
Ah, cruel destino, por que tanto me condenas
A este fardo pesado de dor, solidão e aflição?
Por que me fazes viver em meio a duras penas,
Sem ter consolo, alegria, amizades e redenção?
Em minhas veias corre o sangue ardente
De um coração que jamais encontrou paz;
E em meu peito bate um amor tão latente
Que só me traz angústia e nunca se satisfaz.
Oh, vida cruel, tão cheia de erros e enganos,
De paixões que se vão como as outonais estações!
Minha mente é um poço de insanos desenganos,
E minha alma é um barco naufragado de ilusões.
Todavia, quando a morte enfim vier me buscar,
Eu a receberei serenamente, com alegria e ardor.
Afinal, nada mais há neste mundo para se amar,
Senão a paz do sono eterno da sepultura em flor!