Negredos (E Correntes dos Amalgamados Afrobrasileiros)
Negredos e Correntes
Libertar, eles libertaram, pelo menos no papel entre moinhos e arados
Mas se indenizaram; indenizaram os escravocratas de roubos vezeiros
Em vez de nos indenizarem; à nós, os trabalhadores afrobrasileiros
E de alguma maneira ainda estamos a uma coivara Acorrentados
Os pés presos a terra, os tornozelos, os braços, os punhos cerrados
Os olhos viajam, a mente abstrai e o espírito nos traz de longínquos degredos
Mesmo que na nossa negritude de amalgamados
Sejamos agora os Negredos
Pobres Negros abandonados
Depois de levas de escravizados
Temos nossas memórias, lamentos, banzos e medos
Dos filhos deste solo de mestiços com seus forcados
Mas os olhos, a boca, os sentidos, as mãos, os dedos
Ainda gritam contra os dezelos sociais deste Brasil de acorrentados.
-0-
Silas Correa Leite – E-mail: poesilas@terra.com.br –
Site: www.portas-lapsos.zip.net