sem luz
o cheiro da borracha queimando no papel
a cada erro apagado
como se fossem decisões de uma vida passada,
regada ao desperdício do silêncio;
o sol enxergando cada manhã com olheiras
que ninguém sequer sabe que existe;
e cada suspiro dado antes de dormir
fere o peito como a primeira pedra
arremessada,
e os olhos se enchem de água
que se recusa a sair,
tão tímida e calada
e insegura à plateia,
a fazer seu estrago no camarim.