Minha alma é feia

Queria falar sobre belas coisas,

mas a minha voz grita na feiura,

canta e diz com uma forte gastura:

morro na mudez das vidas afoitas?

Reencarnarei afundado na miséria,

sinto angústias de vidas de outrora,

barqueiro da água negra à fora?

Quiçá Poseidon da seca matéria.

Martirizado e Jó vai de alicerce,

ensina-me, sofredor de tristeza,

ensina o ensaísta duma torpeza

a brilhar na escuridão que enferme.

Eu choro sobre a foice de Saturno,

rio no sangue decaído na veia,

seco o suor na pele no meu turno,

volto à máquina da vida feia.

      

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 07/04/2023
Reeditado em 05/06/2024
Código do texto: T7758473
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