Vazio de Natureza

Contrário a Alberto Caeiro, sinto-me vazio,

Vazio não só das partes do meu corpo, mas da Natureza,

E da vida, reles vida consumindo-me as raízes,

E dos preâmbulos da morte regando a lama,

E de tudo que nada planta sentido.

Sou um homem da Realidade constante,

Sou um relógio sedimentando o fim,

Sinto-me vazio de Natureza e temporalmente perdido.

Uma muda do século passado,

Já não há jardineiro fitando-me,

Só a chuva, mas não de água, de perdições.

Quem dera se fossemos terra: firme e vazia por fora

Seca por dentro: perfeita aos olhos poéticos.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 31/03/2023
Código do texto: T7753412
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.