A CRUZ QUE MUITOS CARREGAM
A cruz que muitos carregam
Incluam-me também neste rol
Em labutas suores entregam
Experimentados debaixo do sol.
Muitas vezes o flagelo na face
Na expectativa de consolação
Mesmo assim faz um disfarce
E um sorriso mata a dissolução.
E o peso, a dor, e o cansaço
As chagas abertas sorrateiras
Cruéis verdades tornadas laço
Insistem por serem derradeiras.
A via dolorosa até ao destino
Flores e ramos pelo caminho
Espalha-se povo clandestino
A presa era livre passarinho.
Do querer por união que dure
Do prazer satisfatório e nosso
Sem que o nosso fogo perdure
E queime tudo o que é vosso.
Ao fim determinado e vencido
Sendo pregado na cruz erigida
O espírito se liberta convencido
Do sofrimento descabido à vida.