A MESMA MÃO QUE AFAGA É ÁSPERA
A mesma mão que afaga é áspera
O veludo perdeu o toque da maciez
A mesma fonte doce se fez amarga
Em virtude de descontrolada altivez.
Amoroso coração que se empedernia
Antes era lindo vê-la dormindo com jeito
Em meus braços tal criança que parecia
Daquelas pequenas que ainda usam o peito.
Mas depois de um tempo se apartou
Logo a dureza no trato se instalou
A mão carinhosa de um todo partiu
E a aspereza em tudo então surgiu
Na mão aveludada que a maciez perdeu
Trazendo um amargo que nunca se viu.