Hipócrita Divino XVII: Desabafo
Senhor, eu estou aqui,
Daqui onde me deixaste,
Me sinto como Davi,
Só ainda não me alegraste.
Sou reto, sou justo,
São confirmações,
Mas em alguns momentos,
Há interrogações.
Porquanto reviverás Teu servo,
Que de certo,
Neste deserto,
Me parece tão eterno.
Não sou tijolo,
Sou o próprio muro,
Que de certo júbilo,
Não de lamentações.
Eis minha provação,
São meus pecados?
São meus atos?
Quando foi feita minha provocação?
Não sou Davi,
Nem José,
Muito menos Abraão,
Mas Senhor, estou aqui.
Isso não é uma batalha,
É guerra por completo,
Sou soldado, não canalha,
Mas sinto-me inseto.
Incerto é meu destino,
Até quando durará meu hino,
Mas eu sinto,
Não minto.
Porventura me digas,
Sem querer Lhe ofender,
Pode teu servo ceder?
Até quando ei de perecer?
É tua ira sobre mim?
Seja sobre mim pois,
Sou persistente,
Nada para depois.
Então Pai, perdoe-me,
Perdão por desabafar de Tua misericórdia,
Gratidão, tento alinhar a discórdia,
Perdoe-me, perdoe-me.
Rego deserto à sangue,
Pois que eu sangre,
Se és de Tua vontade,
Desta tela lhe dedico arte.
Eu pereço,
Eu mereço,
É recomeço,
Morro e não apodreço,
Pago um preço,
Tenho apreço.
Faço desta,
Tua destra,
Com destreza,
Com clareza.
Termino como iniciei,
Pois para contar, sobrevivi,
Sou digno de recompensa? Oh Rei,
Pois Senhor, eu estou aqui.