Dormente

Deus, sou eu de novo,

buscando um jeito de largar esses fardos pesados,

para anestesiar minhas veias,

o tempo está desacelerando.

Meus pensamentos são um ser dormente

que vaga pela cidade chuvosa.

Deus, sou eu de novo para Te falar

que me sinto frio e congelado,

estou caindo num buraco sem fundo

mas não há algum sinal de gravidade me puxando.

Minhas pálpebras mal abrem, pois eu as sinto

muito pesadas ao fechá-las para dormir.

Deus, aqui estou eu de novo, Te aborrecendo,

eu nem mesmo sei como orar,

me ajoelho diante dos meus pecados, já que são meu único destino,

apesar da luz às vezes parecer estar por perto.

Minha alma está definitivamente cinza e entorpecida

já que não sinto o lugar onde ela repousa.

Deus, me perdoe novamente, por ser assim,

por ser aquele que traz um rastro vívido de decepção,

aquele que infelizmente vive em busca de uma paixão,

embora eu não conheça o verdadeiro significado do amor.

Meu coração está pesado demais e ele não pode mais me aguentar,

pois eu sou uma rocha que nem os mais fortes ventos podem carregar.

Deus, me perdoe novamente, por tudo que falei,

por cada palavra de falso murmúrio

e pela dormência absoluta da minha fé,

visto que a dormência é a pior das dores.

Minha garganta é um sepulcro aberto,

cujas palavras são cinzas que apagam qualquer chama.