A CAVERNA

Que o discurso de todos os meus dissabores seja breve

Que o alívio aos incêndios de minha mente se apresse

Que o olhar voltado aos meus limites se encerre

Que o desejo de ser indesistível se entregue!

Que eu consiga ouvir a voz da minha voz

Que eu permita outros habitantes a meus mundos a sós

Que eu encontre o final dessa caverna, sem desatar meus nós

Que eu advogue minha mente, com meu pensamento algoz!

Que eu encontre alguma luz nesse lugar tão frio e triste

Que eu seja o alívio das ilusões e a cura que não existe

Que eu me aceite valoroso, nessa insignificância que persiste

Que eu seja a bandeira branca na guerra alheia que insiste!

Que eu não permita novos invasores à minha solidão

Que as trilhas da felicidade eu possa achar na contra-mão

Que a conivência do que possa, se mostre quando digo "não"

Que um passe de mágica traga às realidades o mundo de minha imaginação!

Que os litros do meu pranto sejam vistos só por mim

Que ninguém mais me assista, nesse princípio de meu fim

Que ninguém se atreva a remover os espinhos de meu jardim

Que minhas verdades tão desprezadas fujam nas asas de um querubim!

Que eu prossiga, então, nessa busca por meu ponto de saída

Que o meu protesto se expanda nas paredes desse lugar

Que eu ache força pra não abandonar minha esperança combalida

Que eu adormeça na caverna esqueçida e me permita sonhar!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 09/12/2007
Reeditado em 12/01/2012
Código do texto: T771361
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