A CAVERNA
Que o discurso de todos os meus dissabores seja breve
Que o alívio aos incêndios de minha mente se apresse
Que o olhar voltado aos meus limites se encerre
Que o desejo de ser indesistível se entregue!
Que eu consiga ouvir a voz da minha voz
Que eu permita outros habitantes a meus mundos a sós
Que eu encontre o final dessa caverna, sem desatar meus nós
Que eu advogue minha mente, com meu pensamento algoz!
Que eu encontre alguma luz nesse lugar tão frio e triste
Que eu seja o alívio das ilusões e a cura que não existe
Que eu me aceite valoroso, nessa insignificância que persiste
Que eu seja a bandeira branca na guerra alheia que insiste!
Que eu não permita novos invasores à minha solidão
Que as trilhas da felicidade eu possa achar na contra-mão
Que a conivência do que possa, se mostre quando digo "não"
Que um passe de mágica traga às realidades o mundo de minha imaginação!
Que os litros do meu pranto sejam vistos só por mim
Que ninguém mais me assista, nesse princípio de meu fim
Que ninguém se atreva a remover os espinhos de meu jardim
Que minhas verdades tão desprezadas fujam nas asas de um querubim!
Que eu prossiga, então, nessa busca por meu ponto de saída
Que o meu protesto se expanda nas paredes desse lugar
Que eu ache força pra não abandonar minha esperança combalida
Que eu adormeça na caverna esqueçida e me permita sonhar!!