Aceitação
A gente sofre pra agradar,
Chora,
Implora,
Se modifica.
Até por fim, não se reconhecer.
Na verdade, a gente nem quer se conhecer.
Quer ser pro outro
Sem ser pra gente,
Parece até um papo demente.
A percepção de repente vem
Afiada, dói, machuca.
Como uma faca que perfura e se adentra,
Trazendo pra fora
E jogando o nosso tudo fora.
Depois a gente pega a colher e preenche com ar.
Só pra poder respirar,
Não parar.
Agora é tudo mecânico.
É tudo vácuo esperando se preencher pelo outro.
O ser arrefece,
Sem encontrar a morte,
Ou enxergar a doença.
É tudo do outro
Nosso nada.