Aceitação

A gente sofre pra agradar,

Chora,

Implora,

Se modifica.

Até por fim, não se reconhecer.

Na verdade, a gente nem quer se conhecer.

Quer ser pro outro

Sem ser pra gente,

Parece até um papo demente.

A percepção de repente vem

Afiada, dói, machuca.

Como uma faca que perfura e se adentra,

Trazendo pra fora

E jogando o nosso tudo fora.

Depois a gente pega a colher e preenche com ar.

Só pra poder respirar,

Não parar.

Agora é tudo mecânico.

É tudo vácuo esperando se preencher pelo outro.

O ser arrefece,

Sem encontrar a morte,

Ou enxergar a doença.

É tudo do outro

Nosso nada.

Letícia Souza de Oliveira
Enviado por Letícia Souza de Oliveira em 01/02/2023
Código do texto: T7709021
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