Nos confins deste Universo,
Ouço o som do silêncio
Intensamente oculto em escuridão
Brilhante, imerso
Em berço do universo
Pulsante e inabalável
Esplêndido vazio
No seu perambular de adeus sem lenço
Um reles caminhante
Daqueles, que através se olha
De olhos baixos, mãos nos seus bolsos vazios
Um passo pelo trilho, outro na estrada
Assim me faço um só, perante a madrugada fria
Menor que o som que estala
Quando uma partícula de pó
Se choca contra as brancas nuvens
De outro mundo distante, deserto
E que também se cala
Não te fala o nome do lugar
Que fica ali, bem perto
Dos confins deste universo
Um lugar que tem lugar pra mim
Desde que eu apenas
Me mantenha assim
Ausente
Como o som de pluma leve
Que breve e repentina
Traça o céu
Levando uma lembrança
Uma canção silenciosa e bela
Que termina leve
Em tristes versos
Coração não ama ou pensa
Alma vazia
Um pé na estrada
Um passo noutro plano
Num ano qualquer de outro dia
Um ouvido que deseja e quer
Um par de olhares que o sejam
Mesmo sendo olhos fechados
Um sorriso escondido no bolso
Do orvalho na rosa
Aquela sensação gostosa
De som de silêncio
Que bate lá no fim do fim do fim
dos confins deste universo
E que ecoa em silêncio maior
Pra se ver depois, mais tarde
Um lânguido ruído em um lugar
Conhecido pelo nome infame
De lugar nenhum.
Edson Ricardo Paiva.