TEMPO DE FICAR
Ali, exposto à areia, ao vento,
O velho barco no acostamento,
Desejando retomar sua história,
As jornadas, de aventuras, de glórias,
Ao encantamento do mar.
Ali, perdendo a estrutura,
Depois de percorrer lonjuras,
Se descompondo lentamente,
O velho barco, embora deseje, sente,
Que não dá mais para navegar.
Ali, ante o velho barco, um velho pescador,
Envolvido pela mesma dor,
A mesma sensação de inutilidade,
Olha o barco, olha a imensidade,
Reconhece que o tempo é de ficar.
Ficar à mercê da vetustez,
Das marcas do tempo, dos porquês,
Ficar com a entristecida cadência,
E com os sussurros das reminiscências,
...Que fazem a alma chorar.