Águas vermelhas
as águas vermelhas vieram sem ter cor
com apelos de agrado e varridas pela dor
como se escorressem por paredes suadas
desgastadas pela ausência de um fervor
há muito transpiradas no suor e no desamor
como se a verdade nunca pudesse chegar
carregada de sentimentos frios e instáveis
apenas náufraga da consciência que grita
num arfar a mil vozes ligadas ao eterno
no clamor de um povo que sofre e se agita
e lambe o próprio chão coberto por migalhas
homens que sentem fervor numa vela acesa
prostrados sem ver cor e sem ter o amor
em águas que carregam rios de incerteza
raios de uma triste alvorada sem esperança
lança que avança leve no peito sem presente
lapso do futuro que tarda em ser semente