Se os sentidos precisam emudecer-se,

se a voz que canta precisa calar...

não há quem sinta ausência...

não há um só soluço a cair dos cílios

de alguma janela do tempo...

as lágrimas do escondidinho já se calaram...

 

Não sei ser inteira em pedaços,

com manchas de agulhas,

fraturas expostas...

Sinto...

Asas batem em nuvens ao longe...

cálidas voam ao longe... ...

 

Então... se os sentidos precisam emudecer-se,

se a voz que canta precisa calar...

um gotejar triste desce dos olhos...

 

Mas não hoje, talvez, amanhã...

amanhã, talvez...

cala-se a voz do colibri...

cala-se o canto...

e o silêncio também nasce...

em minha janela do tempo...