Sentimento de Perda

Delasnieve Daspet

O ano chega ao fim. Visto-me de verão, e, carrego

Meus sonhos, hidromel de esperanças,

Me transformo em guerreira viking

Ou deusa da mitologia grega.

Eis que o silêncio agudo corta o barulho da mata;

Escurece as luzes da cidade, fazem as horas lentas,

Ainda ontem, cheias de esperanças!

Tecíamos, em harmonia, projetos de um País onde tudo e todos

Se mostravam saciados em versos, cantando aos ventos,

Com perfeita arte.

Alguns, dormimos ao relento, e, não acordamos.

Ninguém entende. Não sabemos se o que buscamos virá.

Não enxergo e não vejo o lumiar.

A lápide não escrita nos sepulcros dos guerreiros,

Que semearam sonhos e os regaram

Com sangue as suas sementes, no ocaso!

Estranhas entranhas que não consigo nomear!

Um cansaço. Uma nostalgia. Medo.

A esperança fenece.

Construímos, e, acabou em nada!

Ontem, tínhamos tanto porvir.

Mas ao findar o ano, neste dezembro que acaba,

Ficou um ano – com sentimento de perda!

23.12.22.