Amor varrido
Este agora que escrevo, é um texto sofrido.
Texto de dor, texto varrido.
Não combina com levado ao vento
É dor ativa, participativa e culpada pelo varrido
Varrido na sensação de vazio
Varrido na sensação de coisas levadas
Varreram-se os sonhos, os cheiros, os toques e o beijo
Varreu-se o gozo, o amor amado e as palavras proibidas
Varreu-se a admiração, pela coisa mudada
Disso: alento.
Nem tudo varrido ainda, mas deve ser, vai ser, amém!
Falta varrer as lembranças
Falta varrer o desejo, o afeto, a vontade molhada e latejada
Falta varrer o medo de ver o que não se quer ver
Falta varrer páginas visitadas, conversas revisitadas
Falta varrer o número de telefone e o endereço de email
Falta varrer esta nostalgia do futuro imaginado
Falta varrer essa coisa que vem e atrapalha o dia
aff: desalento
Mas agora há espaço para varrer para dentro
Varrer o que?
Tão difícil ornamentar um coração, tão fácil...
Não, não é tão fácil tirar do lugar e desfazer o que estava posto.
Mas vai dar certo, sempre dá no final não é?
Eu sei, nem sempre dá
Mas é tentativa também
Afastar-se do que só faz deixar pra baixo
E a gente sempre tem motivos, e sendo assim
não lamento