Paz de Fantoche I

Digo baixinho, sussurrando,

digo com medo de ofuscar o ser,

azedar o tempo despendido em me ler.

Vejo um coração que

ainda vive num tempo perdido.

Fala da falta de um grande amor,

do calendário dos amores de fantoches,

da paz comprada, tempo

de amores criados que só fainam dor.

Um mero sonhador

de um paraíso encantado

para quem o impossível deixa a desejar,

o possível não é, e entrega linhas

que ensejam o ficar sozinho

o mais tempo que puder.

Então fique sozinho o mais que puder,

se misture com sua corda bamba,

trocando esquinas,

fazendo até alvenarias,

sobre as luzes de neon.

Fique com tua paz de fantoches

no paraíso encantado

de um mero sonhador.