Dois poemas do querer
PANTA REI
Cinzas de nuvem
Fixam-se, ambas
No puro horizonte
O receptáculo pensou
Escoando litros de água salgada
Mas, novamente, encheu-se
de quimeras
E viu um buquê, todo de sonho
Caracóis azul fazendo cócegas
na garganta
-Quero!
O brado já não encontra ondas
Volta para o céu
Despontando em novas
tempestades.
II.
Eu
Quero
Fazer um poema lindo
Quero
Trazer borboletas limpas
Quero
Mergulhar tinta no poente
Eu quero
Transformar a vida num tinteiro
Eu quereria
Que tu fosse o nós
Mais algumas vezes
Eu quis
Aquilo que não era
E arrependi
Eu quererei...
Não ouso
Saberão, somente,
Com a chave
De depois do hoje.