Desmanche em avalanche
Será que ainda mereço
Mais um sorriso seu
Mesmo que seus lábios
Estejam borrados
Por conta das lágrimas
Que eu provoquei?
Será que está
Disposta a ouvir
Minhas palavras
Mesmo que eu tenha
Ignorado as suas?
Mereço ouvir
Mais uma risada sua
Mesmo dando-lhe motivos
Para não rir?
Neguei ser
A sua companhia
Quando você precisava
Acalmar o seu terror
Interior
Agora percebo
Que preciso da sua presença
Para acalmar o meu
Senti uma felicidade
Ao proferir meu adeus
À sua pessoa
Às nossas lembranças
Ao nosso laço
Derrubei a arquitetura
Do nosso vínculo
Enquanto gargalhava de alívio
Fechei-me dentro
De muralhas
Somente após
O trespasse do muro
Por meio do seu perdão
Me fez olhar para dentro
E observar a miséria
Invisível ao coração, sumir
E a felicidade, antes translúcida
Reverberar feito música
Tornando-se palpável
A lágrima
Salgada
Salga
A tinta no papel
Enquanto escrevo este poema
E a tintura da saudade
Preenche meu coração
Ao lembrar o seu nome
Mesmo ausente e distante
Meus lábios anseiam
Em chamá-lo