FLORES DA LAMA

Éramos dois jovens amantes

Duas pessoas felizes e brilhantes

Unidas no amor pela chama.

Por ironia do destino talvez

Nossos corpos pela primeira vez

Foram lançados à lama.

O nosso lar já não tinha paz

Cada um queria dominar mais

Para satisfazer o brio feminista e machão.

A discussão era o nosso prato do dia

Onde o orgulho imperava e não cedia

Aí veio a separação.

Eu segui a minha estrada na boemia

Bebendo nos bares noite e dia,

Cantando as mágoas numa só canção.

Ela também seguiu o seu caminho

Buscando amores fáceis com falsos carinhos

Para esquecer as amarguras do coração.

O tempo passava e quando a saudade apertava

A lembrança maravilhosa retornava

Para os lindos tempos de juventude.

E assim esquecemos os sofrimentos

Revivendo os bons momentos

No seio da inquietude.

Porém, as forças nos abandonaram

Nossos corpos solitários cansaram,

O destino cruel não teve piedade;

Nossas mãos já não tinham mais firmezas,

Nossos rostos enrugados banhavam-se em trsitezas,

Veio a velhice, foi-se a mocidade.

Ela ainda saiu da lama para me procurar

Querendo o seu amor sem orgulho me entregar

E construirmos o nosso lar sem vida profana.

Porém, ela andou, andou, andou...

E não me encontrou

Porque eu não saí da lama.