Palavras.

Onde estavas no dia em que perdi o ônibus

Sozinha na parada suja,

Olhando os vazios de mim que escorriam junto à chuva

E mais uma vez lembrei teu rosto ausente e frio.

Onde tua voz que não veio acalentar o meu vazio

E fiquei só e tinha tanto a te dizer

Mãos em concha a bafejar morno em teus ouvidos gelados

Ao prazer não acostumados.

Soltas e congelantes no ar frio

Dançavam palavras abortadas

E de penhascos saltavam.

Não vomitadas,

Sequer pronunciadas.

Último salto de um abismo qualquer

Em borbotões de urgências consumadas foram.

O grito elementar na noite gelada e triste,

Rompeu barreiras e permitiu o alívio esperado

Por tanto tempo acalentado.

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 05/11/2022
Código do texto: T7643037
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