Palavras.
Onde estavas no dia em que perdi o ônibus
Sozinha na parada suja,
Olhando os vazios de mim que escorriam junto à chuva
E mais uma vez lembrei teu rosto ausente e frio.
Onde tua voz que não veio acalentar o meu vazio
E fiquei só e tinha tanto a te dizer
Mãos em concha a bafejar morno em teus ouvidos gelados
Ao prazer não acostumados.
Soltas e congelantes no ar frio
Dançavam palavras abortadas
E de penhascos saltavam.
Não vomitadas,
Sequer pronunciadas.
Último salto de um abismo qualquer
Em borbotões de urgências consumadas foram.
O grito elementar na noite gelada e triste,
Rompeu barreiras e permitiu o alívio esperado
Por tanto tempo acalentado.