Não há campos abertos sob as pálpebras.

Os cílios grudam na chuva que chove

e molha os cabelos, o corpo.

 

Um espinho já cravado reviveu,

mexeu, mexeu, sangrou...

 

O cristal ficou fosco

e não há reflexo que possa conter

o destilar do âmago do ser.

 

Olha! As folhas secas

caídas ao chão...

Elas voltaram à face

marcada e tatuada

por tuas mãos...

 

Cada vez que a luz tenta entrar,

a escuridão fecha a porta.

É que os enlaces

de um vestido vermelho

ainda estão vívidos no coração

e o ontem é muito perto do hoje.

 

"Minha vida é com ela"

foram as palavras do vento.

 

Se sua vida é com a vida,

viva bem com ela.

Navegue em suas ondas.

E, cuide-se: eu me cuido.

 

Eu? Eu, agora, eu sei que,

foi, no ontem, que encontrei,

o meu desencontro de hoje.