Atados nas circunstâncias.
No contexto imediato.
Atados a polir lentes
postadas perante cegos.


Quem somos nós?
Teremos exéquias patrocinadas por alheios.

Venderemos a alma como Fausto?


Banidos pela vida afora.
Vacas magras e gordas 
inexoravelmente morrem.

Vidas e vícios externimam-se
recicprocamente.
Magicamente.

 

Abiogênese não existe.
A morte é contundente.
Real, sólida feito a lápide.

 

O que colocar na lápide?
Mensagem final.
Pergunta final.
Dor derradeira?
Um gemido, um lirismo
ou mera poesia?


Estou inclinada a escrever.
E o resto é silêncio.

 

Decifraram o genoma humano.

Decifraram a natureza humana? 

Humanizamos cães, gatos e pássaros.

Plantas, feras e até coisas.

E, nesse imenso oceano

Há mamíferos envelhecidos.

Insetos que não mais voam...

Répteis que não mais rastejam.

E, ventos que não sopram.

Há uma conspiração das nuvens.

Trovões e raios.

Tempestade de iniquidades.

 

Quem somos nós?

Talvez seja preciso

passar a vida a limpo.

Rasgar o rascunho morno.

E, escrever um destino inédito.
Valer-se de um neologismo.

E, uma lógica mágica

capaz de reeditar nossa

pobre essência corroída.

E transformá-la numa seda qualquer.
 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/10/2022
Reeditado em 01/10/2022
Código do texto: T7618528
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