Matou o amor
Ele havia se esquecido por muito tempo, mas a mente é traiçoeira, e as lembranças, as lembranças nunca morrem.
As noites chuvosas e frias faziam com que a mente atordoada trouxesse a tona memórias enterradas pelo tempo. E esse era a maior covardia para uma mente cansada.
Enquanto a noite gélida avançava e a chuva incessante não findava, no fundo de sua mente um pensamento. E mesmo sem querer, tornava-se refém daquela noite. A noite repleta de escuridão. Da noite sem som perceptível.
Recordava-se da noite em que sentado sozinho, chorava no meio fio de uma ruela qualquer.
A noite sem fim.
Agora em seu palco: silêncio. A plateia assistia atônita toda aquela cena de seu espetáculo.
Abriu seu peito com um golpe preciso, tomou seu coração com apenas um gesto.
Agora, em sua mão esquerda havia um coração pulsando, apunhalando-o leve e vagarosamente, curvou-se diante de todos.
A plateia aplaudia. Gritavam extasiados. Balbuciou algumas palavras que não ouvi, não haviam lágrimas.
As cortinas se fecham...
Estava feito. Não haveria volta.
Era o fim.
"Este era seu último ato heroico."
Matou o amor!
Paschoal, George.