Notas Mentais de um Ansioso 5 - Muro
Você chorou por lembrar que seu pai comprava pão quentinho de manhã na sua infância e você fez isso pra mim.
Você me abraçava e me apertava com um milhão de beijinhos, e eu me sentia a pessoa mais bonita e feliz do mundo.
Você era um muro!
Mas eu só quero que vá embora toda essa sensação.
Tô me sentindo fraco, feio, podre e duvidando "disso".
O que é contraditório já que" isso" explode no meu peito. Que agora tá doendo.
"Isso" é complicado que nem vida adulta.
A gente não sabe quem culpa, o que culpa ou onde culpa enquanto esse sentimento rabisquento vai tomando conta pra muito além do peito enquanto a gente sofr'engole.
Todos os sentimentos bons e ruins borbulham no meu estômago. E é no estômago mesmo, em meio a muitas entranhas, emoções colidem em um misto de furo de reportagem e furo intestinal grave de gastrite pós ansiedade.
Eu nunca experimentei essa dor, essa dose de melancolia em níveis tão altos. Agora tenho medo de não saber o que fazer com isso, medo de não saber para onde vou quando mergulhar em mim.
O único muro sólido que construí tem um buraco.
E eu não tenho nenhum tijolo para tapar.