Meu silêncio

Aqui, ouvindo meu silêncio

Percebo que permiti tirarem-me o chão dos pés

Permiti ensurdecerem-me os ouvidos

E a imagem tiraram dos meus olhos

Percebo meus joelhos cansados

Ainda que tenha ido a lugar algum

Percebo minhas mãos suadas

Por mais que ninguém as segure decididamente agora

Vejo que meu peito respira

Uma vez que foi ensinado a respirar

Como que por mania

Que seja por agonia

Como quem tenta ressuscitar

Olho atentamente

Milímetro por milímetro

Tentando encontrar o réu

Buscando entender quem devo culpar

E chorando, acuado, no canto,

Me Percebo

Um ser quase caído

Um tanto quanto perdido

Me desculpo timidamente

Tal qual criança que confessa ter comido biscoitos no jantar

Ah, como queria poder jantar

Vítima e culpada

Golpista enganada

Devoro-me por saber que a pena me pertence

E que o juiz também sou eu.

Paula F Nascimento
Enviado por Paula F Nascimento em 06/09/2022
Código do texto: T7599329
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