Fiz um ninho para a tristeza.
Na minha direção vinha cambaleando.
Sonolenta, dava passos curtos.
Também pudera.
Passou a noite remoendo,
as dores que carregou no colo,
desde que as sentiu, no rebento.
Tristeza não cabe em papel de seda.
Nem tem fita bordada em ponto arroz que a enfeite.
Tristeza não vem escrita à mão.
Nem cabe numa caixa dourada em alto relevo.
Tristeza disputa em dois tempos:
No passado que a trouxe e
No presente que a acaricia.
O futuro da tristeza é melancolia.
Pra tristeza não tem mesa posta.
Nem pratos fundos, profundos.
Tem apenas um ninho.
Um ninho que faz chocar a dor
Até que nasça a cura.
Fiz um ninho para a tristeza.
Mas ela não quis dormir...