sem perguntas
Eu não tenho as respostas
As vezes tenho mais perguntas
Enigmas dormem em minha alma
Percorrem meus nervos
Trucidam minha calma
Eu não tenho todas as respostas
E nem tenho todas as perguntas
Sob minhas pálpebras residem mistérios
E dentro dos olhos labirintos se escondem
No redemoinho do tempo
Eu perplexa permaneço atenta
As imagens, aos sons,
alaridos e confusão
Eu nem quero ter todas as respostas
Há uma suposta tranqüilidade nisso tudo
Em não saber, e descobrir
Em saber, e vislumbrar
Arremessar-se no horizonte
Cegamente em busca do infinito
A morte não me assusta
A infelicidade corrói em mim toda humanidade
E qual animal ferido, eu agrido, choro,
ataco e mordo
Mordo através de palavras cruéis,
Verdades inconvenientes
Ironias pungentes
No quadro da sala há um pingente de dor
a se balançar como pêndulo,
a se banhar de lágrimas,
de lamúrias e de uma tristeza hipnótica
Sob a penumbra nenhuma cor ou primavera
Tem graça
Nenhum sol brilha ou batiza de luz as manhãs
Minhas manhãs são plúmbicas
Minhas tardes alvorecem gemendo,
ganindo feito cão doente
por fim, a noite entra por dentro
da alma negra,
e borda pequenas estrelas e a lua na lapela
do blazer
que abandono pouco antes de dormir.
Calam-me na alma as dúvidas
Que sonham com respostas sem perguntas.