sem perguntas

Eu não tenho as respostas

As vezes tenho mais perguntas

Enigmas dormem em minha alma

Percorrem meus nervos

Trucidam minha calma

Eu não tenho todas as respostas

E nem tenho todas as perguntas

Sob minhas pálpebras residem mistérios

E dentro dos olhos labirintos se escondem

No redemoinho do tempo

Eu perplexa permaneço atenta

As imagens, aos sons,

alaridos e confusão

Eu nem quero ter todas as respostas

Há uma suposta tranqüilidade nisso tudo

Em não saber, e descobrir

Em saber, e vislumbrar

Arremessar-se no horizonte

Cegamente em busca do infinito

A morte não me assusta

A infelicidade corrói em mim toda humanidade

E qual animal ferido, eu agrido, choro,

ataco e mordo

Mordo através de palavras cruéis,

Verdades inconvenientes

Ironias pungentes

No quadro da sala há um pingente de dor

a se balançar como pêndulo,

a se banhar de lágrimas,

de lamúrias e de uma tristeza hipnótica

Sob a penumbra nenhuma cor ou primavera

Tem graça

Nenhum sol brilha ou batiza de luz as manhãs

Minhas manhãs são plúmbicas

Minhas tardes alvorecem gemendo,

ganindo feito cão doente

por fim, a noite entra por dentro

da alma negra,

e borda pequenas estrelas e a lua na lapela

do blazer

que abandono pouco antes de dormir.

Calam-me na alma as dúvidas

Que sonham com respostas sem perguntas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/11/2007
Reeditado em 03/12/2007
Código do texto: T759604
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