ABANDONO
O pai embriagado,
Descontrolado,
A tapa na cara da menina,
Se tinha muito era doze anos,
A menina assustada,
E inaceitável sina,
O desencanto, os danos,
Os silenciosos ais,
As trêmulas retinas.
O escândalo do pai,
Vai... vai...
Para rua sua vadia,
Vai se mostrar; acenar,
Para os caminhoneiros,
Mas, não volte sem dinheiro,
Senão eu te mato desgraçada.
A menina insegura,
Vira, procura,
Abrigo nos braços materno,
Mas, só encontra um olhar de inverno,
Uma alma tão rasurada,
Quanto a dela,
Fragmentadas na mesma procela.
Nesse roteiro,
De extremo abandono,
Nenhum Deus desce do trono,
Para a socorrer,
E ela,
Infância perdida,
A única saída,
É oferecer,
O que não quer para alguém,
Numa agonia incontida,
Lança gritos no além,
Isso não é viver,
Morrer hoje me faz bem.