ATÉ QUANDO?

 

Tarde cinzelada

Não passa nada

A não ser o vento

Levando nuvem de pó

E eu aqui na janela

Desencantada Cinderela

Sem sonhos – com um nó

Na garganta

Com um gris quase breu

E eu só

Solidão desgraçada

Que se agiganta

Me inferniza

A cada momento

Me faz sentir menos eu

Se perpetua

No recôndito do espírito

No grito

Que não vem

Para aliviar meu estado

E o meu olhar nublado

Como a tarde

Tenta ir além

Das dissonâncias da vida

Tenta inventar

Uma imagem florescida

Tenta porém em vão

No rasurado coração

Não há espaço

Para a florescência

Breve a noite vem

E a tendência

É piorar

Nesse panorama baço

Uma pergunta me faço

Até quando vou suportar?