A besta da ilusão
Em cada pétala da rosa vejo escorrer uma lágrima enquanto acaricio a maciez da textura...
E a sua essência cheirosa me impregna os sentidos enquanto me entrego à aridez da amargura.
Mariposas negras esvoaçam sobre a
minha cabeça...
Pousam e pesam em meus ombros...
Sob os meus pés a terra nua se fende
para acolher os meus escombros...
E à escuridão da noite a minha alma se rende
sem temor e sem assombros...
Meu espírito se defende quando, em derredor, ouço os cavalos de areia galopando no deserto do tempo...
Miro outra vez o firmamento e vejo as nuvens escarlates denunciando uma tempestade...
Mais uma vez, a besta da ilusão corre veloz nas raias do silêncio...
Me atropelando o ego.
E, sem nenhum piedade, cala o meu choro e a minha voz...
Me prendendo igual uma tarântula medonha em suas teias sombrias...
E o medo, com as suas garras frias,
me impede de respirar...
Sei que quer me devorar...
E isso me põe desnorteada, sem rumo
e sem direção.
Sem dignidade e sem chão, o meu espírito vagueia...
Sozinho, cego e quase morto...
Vai pela vida a esmo como um navio sem porto.
Perdido de tudo e de si mesmo em meio ao caos dessa jornada...
Ah! Minha alma amargurada!
Se sente condenada porquanto já não sonha...
Nem vive...
Apenas sobrevive sem crer em mais nada...
Adriribeiro/@adri.poesias