JÁ NÃO AMANHECEM MINHAS PALAVRAS

A derradeira esperança

morta, estendida na praia,

tão calma em seu silêncio eterno,

tanta força nos braços,

cortando sem tréguas

as águas da adversidade...

A última esperança morta está

e com ela cessa também

a vontade de ir em frente,

morre com ela o encanto,

o sonho, o êxtase

de momentos construídos

em suave movimento de mãos...

E o que fazer com os vestígios

que restam por todos os cantos

a não ser chorar sobre sua

silenciosa apatia?

E o que fazer dos dias e noites

sem sinais?

Se já soubera sempre que

tal hora se aprontava, crescia

sorrateira nos descuidados

instantes de felicidade,

espreitava sem pressa,

fatalidade presumida,

mesmo assim fiz-me cega

e entreguei o melhor de mim

atenta ao menor sinal

de tua presença.

A última esperança

resta estendida

na areia daquela praia,

onde morrem os sonhos,

onde se despetalam as flores

sob ventos de flagelo!

Sentir no peito o abismo

dessa dor de toda impossibilidade,

chibata ferindo as costas,

mãos atadas, brasas sob os pés,

é saber que há muito teu barco partiu,

fechando esta brecha do tempo

a sete chaves de desconhecimento !

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 29/11/2007
Reeditado em 23/05/2011
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