NO OCASO
Ali, ao lado, os braços já não abraçavam, embora próximos...
Tornaram-se inúteis, porque impossibilitados.
Não se tocaram,
Mas acolheram quietinhos.
Os braços que outrora embalavam, ajudavam e conduziam,
Que plantavam e que colhiam,
As mãos que ninavam do cansaço,
agora já não podiam mais.
Na incapacidade total de movimentos,
Silenciaram e cuidaram.
O fio desligado serviu-lhes de laços e condução.
Em invisível ponte seguiram
Rumo à imensidão,
No momento do aplauso.
E eu descobri que a maciez da seda em sua essência
Pode mais que o cimento dos ossos.
Subiram juntos no final da tarde,
Unidos pelo amor que não abandona,
Enlaçados pelo fio da vida no plano de Deus
Alaram-se e planaram...
Estão em Boa companhia.
Dalva Molina Mansano
21.07. 22